O propósito desta carta enviada pelo apóstolo Paulo a Filemom, um servo de Deus que a Igreja de Cristo se reunia em sua casa, é para enviar Onésimo de volta ao seu senhor. Onésimo é um escravo fugitivo da casa de Filemom, que agora conhece o Evangelho, e foi transformado, restaurado pela mensagem da cruz.

O Evangelho o libertou espiritualmente, e ele teve consciência dos seus deveres morais e sociais. Onésimo agora poderia viver contente, servindo ao Senhor em qualquer posição que estivesse, porque o seu maior tesouro já o havia encontrado.

O arrependimento de Onésimo veio regado à mudança de vida. E ele, juntamente com seu evangelizador, apóstolo Paulo, decidiram que a restituição do delito era um passo necessário. Dessa forma, o supremo Senhor da vida de Onésimo e do apóstolo Paulo, o Senhor Jesus, seria engrandecido. Porquanto o verdadeiro arrependimento deve gerar profunda tristeza pelos pecados, e também mudança de vida, para glorificar ao Senhor.

É interessante pensar que apesar de o apóstolo Paulo estar algemado fisicamente, o seu coração está liberto, sua boca apta para a pregação do Evangelho, e suas mãos abertas para escrever em favor do perdão. E ele então diz que é prisioneiro de Cristo. Já Onésimo, apesar de ser um escravo, o seu coração está liberto, e por isso disposto a fazer o que é correto, mesmo que o traga sofrimentos, para que Deus seja honrado através de sua vida.

Filemom da mesma forma, deveria perdoar aquele que Deus já havia perdoado. O castigo para escravos fugitivos e roubadores era duríssimo! Açoites e até mesmo a morte poderia ser a penalidade. Mas, Filemom deveria perdoá-lo e recebê-lo como um filho amado, como um irmão caríssimo (v.16).

Paulo pede a Filemom que receba Onésimo como a ele mesmo, porque é assim que as coisas funcionam na Igreja de Jesus. Não têm pessoas melhores ou piores, mas todos são importantes e companheiros de jornada.

A palavra companheiro aqui nesse versículo é “Koinonia” . Ou seja, Paulo está dizendo a Filemom que tenha a mesma comunhão com Onésimo, que o tratasse bem como tratava a ele, o apóstolo Paulo, pois eles tinham a mesma importância no Reino de Deus.

Um dos perigos que rondam nossas vidas todos os dias, é o risco do partidarismo. E, o Evangelho nos ensina sobre isso! Porque ninguém, nem o mais erudito entre nós poderia fazer algo por si mesmo. Mas, só temos vida porque a graça de Deus se manifestou sobre nós.

A Igreja é a comunidade em que todos sabem quão perdidos estavam antes de serem resgatados por Cristo, e que não há um valor superior em nós, e por isso devemos tratar a todos com igualdade.

Aqueles que se achegam ao povo de Deus, da mesma forma! Não há diferença para os que já estão a muitos anos dentro da comunidade cristã, senão a experiência de vida cristã, e em alguns casos uma maturidade maior. Contudo, isso não deve ser visto como ensejo para regalias, todavia para maiores responsabilidades.

Isso deve balizar nossos relacionamentos com os crentes e não crentes. Quando olhamos para aqueles que estão sob o poder do mundo, devemos nos lembrar que esta era a nossa condição até sermos resgatados por Cristo.

Paulo está dizendo isso a Filemom “receba Onésimo como me recebe, o considere, trate como é o nosso relacionamento”. A Palavra de Deus nos exorta a isso hoje: no Reino de Deus não tem pessoas melhores ou piores. O Evangelho nos ensina a tratar as pessoas com igualdade.

Pr. Marcos Souza